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Por que fontes de energias ‘limpas’, mesmo mais caras, compensam.


O dinheiro economizado com saúde pública e políticas paliativas de meio ambiente compensa o custo mais caro de produção de energia por meios não poluentes. A conclusão é de um estudo de oito anos da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, que mediu o impacto da redução na emissão de gases poluentes em outras áreas.

A análise durou de 2007 a 2015 e mediu a quantidade de quatro poluentes — dióxido sulfúrico (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx), partículas poluentes (PM2.5) e gás carbônico (CO2) — que deixou de ser jogada na atmosfera graças à substituição pela produção solar e eólica. US$ 87 bilhões foi o valor economizado pelo governo no período, segundo as estimativas do estudo.

O cálculo do real custo da poluição para a sociedade é um desafio para a ciência há anos. Os pesquisadores de Berkeley, por sua vez, calcularam a diminuição do número de mortes prematuras causadas pela poluição atmosférica, que girou em torno de 7.000 no período. Além disso, incluiu os custos com políticas ambientais e outros gastos com saúde pública.

O valor de US$ 87 bilhões é próximo do total gasto no mesmo período em subsídios à indústria de produção de energia limpa. Entre 2010 e 2013, por exemplo, os incentivos do governo americano variaram de US$ 8,6 a US$ 13,2 bilhões por ano.

Custo é argumento recorrente contra energias renováveis.

Em alguns países do mundo, a criação de infraestrutura para a produção e distribuição de energia solar e eólica a longo prazo já faz com que esse modelo seja mais barato que a energia produzida pela queima de combustíveis fósseis.

Em outras realidades, no entanto, como nos EUA, a produção de energias consideradas “limpas”, como é o caso da eólica ou a solar, é mais cara que a queima de combustíveis fósseis.

Esse foi um dos principais motivos alegados por Donald Trump no início de junho para retirar os EUA do Acordo de Paris — tratado internacional de larga adesão que visa a redução na emissão de gases poluentes. Segundo Trump, a economia do país seria prejudicada por pagar mais caro por energia.

Ao fazer os empresários do país pagarem mais para produzir energia limpa, a política contra o aquecimento global estaria levando indústrias para outros países, menos preocupados com a emissão de gases estufa, segundo Trump.

A produção de energia eólica e solar são as que recebem mais dinheiro do governo americano. Embora o dinheiro gasto por quilowatt produzido venha caindo ao longo do tempo, as duas ainda dominam a folha de gastos com energia dos EUA. O estudo da Universidade da Califórnia em Berkeley, contudo, indica que esses gastos geram externalidades positivas que, além de melhorar a qualidade de vida da população, também compensam financeiramente.

Os pesquisadores fazem a ressalva de que esses benefícios para a saúde e o meio ambiente podem variar de acordo com a região e ao longo do tempo, e portanto a mudança na matriz energética não é a única resposta possível para qualquer região do planeta. Os custos da poluição no Brasil

Segundo dados de 2015 do Ministério de Minas e Energia do governo federal, 65,5% da oferta interna de energia no Brasil é proveniente de fontes poluentes: petróleo, gás, carvão mineral, coque, lenha e carvão vegetal. A produção de energia nacional apresenta dados semelhantes: 65,9% vem de fontes poluentes. 30% do consumo final de energia no Brasil acontece no transporte rodoviário.

A poluição atmosférica é um problema recorrente nas metrópoles do país. Em dias de sol e após longos períodos sem chuva, é fácil observar uma camada cinza sobre as cidades.

Um estudo de 2014 de pesquisadores da Unifesp e da USP apontou que mais de 20 mil pessoas morreram em 29 regiões metropolitanas brasileiras exclusivamente por causa de problemas decorrentes da alta concentração de material particulado na atmosfera — ou seja, poluição.

Simone Georges El Khouri Miraglia e Nelson Gouveia calcularam que a poluição gera gastos anuais ao governo de US$ 1,7 bilhão por meio de mortes prematuras.

Já um estudo da Faculdade de Saúde Pública da USP, específico na cidade paulista de Cubatão, onde a poluição atmosférica vem principalmente da queima de combustíveis fósseis por indústrias, identificou que entre 2000 e 2009, doenças nos aparelhos circulatórios e respiratórios custaram R$ 22,1 milhões ao SUS. Fonte: Nexo (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/08/19/Por-que-fontes-de-energias-%E2%80%98limpas%E2%80%99-mesmo-mais-caras-compensam)



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